terça-feira, 17 de março de 2009

Leituras

Treinar crianças e jovens é uma actividade extremamente interessante, mas atribui a todos os que a acompanham, organizam e dirigem, em particular ao treinador uma grande responsabilidade, face à sociedade, mas essencialmente face ao próprio praticante pois treinar jovens poderá ser também um risco e, tanto maior é o risco quanto mais impreparados, os intervenientes no processo estiverem.
Tal como diz Tony Byrne "
Em si mesmo o desporto não é bom nem mau. Os efeitos positivos e negativos associados ao desporto não resultam da participação em si, mas da natureza da experiência vivida. Frequentemente, chegamos à conclusão que um elemento importante da determinação da natureza daquela experiência é a qualidade da liderança dos adultos que a dirigem."

Parece-nos claro que nada se deve fazer sem um planeamento prévio, e este aspecto ganha ainda mais importância quando estamos a falar de jovens que ainda estão a ser educados/formados.
Hoje em dia é claro, para a maioria das pessoas, que a formação, seja ela desportiva ou não, das crianças e jovens, deve ser, substancialmente diferente da dos adultos. Mais do que isto, é sabido que a formação e preparação da criança e do jovem deve respeitar as etapas de crescimento e maturação das estruturas e funções do indivíduo, ou seja, do seu desenvolvimento biológico. Desta forma é necessário que a prática desportiva estimule o processo de desenvolvimento, evitando as situações que o possam prejudicar.
Assim, a escolha dos treinadores adequados às necessidades dos jovens atletas, destaca-se como uma das primeiras preocupações que qualquer clube deve ter. Um bom treinador na área do treino de jovens, deve ter a clara noção que a sua actividade não se limitará a preparar e transmitir o treino. Ele desempenhará uma função de grande impacto social, educativo, formativo e desportivo, pois os jovens aprendem a maior parte dos seus comportamentos e atitudes, estruturando a sua personalidade sobretudo pela acção que os adultos lhes proporcionam. Neste contexto de treino de jovens, referindo-me em particular aos treinadores, parece-me essencial reunir, pelo menos, sete domínios importantes que irei passar a enumerar:

Bom senso.
Formação específica na modalidade.
Formação no terreno.
Formação académica.
Experiência e talento na condução de grupos.
Experiência de jogo como jogador.
Sentimentos de satisfação pela actividade desenvolvida.

O bom senso deve ser a base de trabalho, quer no futebol, quer em qualquer outra actividade a exercer. Qualquer pessoa tem noção que gerir o nosso dia-a-dia, requer uma boa dose de bom senso. Temos de saber "ver e ler" as situações e se necessário alterar o rumo dos acontecimentos sempre que se justifique.
Quanto à formação específica na modalidade, entendo que o estudo constante dos conteúdos específicos do futebol permite uma melhor adequação aos diversos contextos onde estamos inseridos. Temos de sentir a necessidade de alargar os nossos horizontes e aprender mais, porque é disso que necessitamos quando somos chamados a resolver problemas.
Quando falo de formação no terreno, estou a referir-me à capacidade de planear, executar, analisar, criticar e avaliar todo o processo de ensino-aprendizagem. O treinador deve questionar constantemente o seu trabalho, procurando sempre saber onde e como pode melhorar. Deve questionar constantemente a qualidade e os efeitos da sua intervenção, do conhecimento que tem da modalidade, verificando se esse conhecimento ainda se mantém válido e actualizado, avaliando igualmente as relações afectivas que se estabelecem.
Relativamente à formação académica, é importantíssimo ter sempre presente a percepção e domínio de todas as componentes inerentes à prática desportiva, ou seja, ter sempre presentes os conhecimentos adquiridos e actualizados sobre diversas áreas das quais destaco, a fisiologia do esforço, pedagogia do desporto, psicologia desportiva, metodologia do treino, entre outras.
Considero a experiência e o talento na condução de grupos como uma valência importante.


O treinador deverá possuir traços de personalidade que lhe permitam exercer vários tipos de liderança, isto é, o técnico deve transformar, se necessário, a sua personalidade, adaptando-a a cada momento. O mais crucial é a gestão dos recursos humanos ao nosso dispor.

É importante ter uma personalidade forte e tentar impô-la, sem, no entanto, criar medos nos jovens.
A experiência como jogador, não sendo de transcendente importância é, no meu entender, muito útil e rica no prever, identificar e antecipar de situações que podem ocorrer no treino e no jogo. É o chamado "feeling" que a vivência de inúmeras situações traz.
Se a tudo o que anteriormente foi referido, acrescentarmos os sentimentos de satisfação pela actividade desenvolvida com crianças e jovens, então teremos a garantia de sucesso.
Para finalizar, deixo a opinião de Marcelo Lippi, "Treinar jovens é uma missão. Pelo menos era como eu o sentia e é isso que quero dizer aos que treinam jovens futebolistas, treinar jovens não deve ser encarado como um ponto de passagem na carreira".

Texto : Mister Ricardo Damas

Após algumas leituras que fiz achei que era interessante deixar este texto que retirei de um artigo, para quem quiser ler.
ALGUNS "SÁBIOS" DO FUTEBOL

2 comentários:

Anónimo disse...

Li o texto com atenção e o que me sugere é aquilo que a maioria das pessoas de bom senso pensarão. Qualquer actividade, profissional, desportiva ou outra tem que ser desempenhada por pessoas capazes de a concretizarem com sucesso. Então quando falamos da "condução" de jovens/crianças maior será a responsabilidade. E agora porque considero importantissimo, cito eu Augusto Cury "o mestre de excelência não é o que sabe mais, mas aquele que mais tem consciência do quanto não sabe...Não é o que declara os seus acertos, mas o que reconhece as suas próprias falhas...abraça quando todos rejeitam, anima quando todos condenam, aplaude os que subiram ao pódio, vibra com a coragem de competir dos que ficaram nos últimos lugares." Penso que será, também esta a atitude dos treinadores.

Margarida

Anónimo disse...

Margarida, gostei de ler a citação de Augusto Cury que nos deixou. Para as pessoas que de alguma forma desenvolvem actividades com crianças, ficou uma boa sugestão de reflexão.